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Doces e Frutas

Summary:

"Um pouco de açúcar sempre conforta almas cansadas, uma boa sobremesa frutada pode ser o segredo para um sorriso, um choro ou um consolo".

Notes:

AVISOS INICIAIS:
— Compilado de One-Shots focadas em Tomjake, mas pode haver outros casais ou personagens a serem apresentados, mas eles não são o foco;
— Historias em sua maioria curtas, sobre ideias aleatprias, headcanons e AU's, normalmente individuais, caso tenha continuação será relatado no titulo
— Não falo nenhum outro idioma de forma fluente, mas fique a vontade pra falar no seu idioma de preferencia

Ideia do capitulo: Se o período de separação de dois anos, tivesse ocorrido de maneira diferente
(Eu gosto o canon, mas achei essa ideia divertida de escrever)

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Sei que não a muitos fãs brasileiros, ou que falam português, mas eu adoro esse projeto e queria demonstrar um pouquinho disso ao escrever sobre meus personagens preferidos, dando uma atençãozinha especial ao meu casal do coração

(See the end of the work for more notes.)

Chapter 1: Vulnerável

Chapter Text

  Eles haviam prometido se acertar, havia acabado tudo bem no final da temporada mas havia muita coisa de ambos os lados para serem resolvidas. Tom sabia disso, sua mente quebrada pensou que o melhor seria se afastar… completamente , talvez fosse menos doloroso e o ajudaria a lidar melhor com tal situação e seus sentimentos.

 Jake pensava diferente, imaginando que eles poderiam crescer juntos, mantendo contato, pois terminar como amigos seria muito melhor do que cheios de ressentimentos e com o sentimento de se tornarem desconhecidos após tudo o que viveram juntos.

 Tom, evitou o outro por um ano.

 Jake, por um ano, não perdeu as esperanças.

  A primeira vez que essa dinâmica mudou foi quando Jake, em um momento de vulnerabilidade e longe de Miriam para o prestar apoio, o homem de cabelos azulados acabou por enviar um áudio para o ex-espião, derramando a dor que foi ter sido renegado por seus pais ao descobrirem sobre sua sexualidade, contando sobre uma briga recente.

 Os rostos desapontados de seus familiares foi a pior coisa que ele viu em sua vida, o assombrando em seus sonhos, foi seu pior momento após a morte de sua amada avó. Ele ainda poderia ter o irmão, mas um irmão que era cúmplice do mal que seus pais lhe fizeram e nem sequer quis prestar apoio em seu pior momento é preferindo suas férias, não deveria ser surpresa, eles nunca se deram bem. 

 Cansado demais para suportar suas próprias emoções, Jake apenas enviou os áudios, uma última tentativa de comunicação, na esperança que ao ser ignorado novamente, ele finalmente conseguisse seguir em frente. Mensagens e ligações em datas especiais e zero respostas deveriam ter ocasionado algo na mente do garoto mirtilo, mas era difícil evitar o quanto ele se importava com Tom, antes de ser sua paixão, ele foi sua rocha, seu melhor amigo.

 Quando o áudio foi enviado, Jake não esperava que fosse visto, muito ao menos respondido. Mas foi uma surpresa quando seu celular começou a vibrar sobre o móvel alguns minutos depois do envio da mensagem, iluminado e mostrando o contato de Tom em sua tela. A ligação quase foi perdida pelo choque que invadiu o corpo do padeiro, mas no último segundo suas mãos se moveram como um raio e agarraram o aparelho, permitindo que ele conseguisse atender.

 Um silêncio absoluto se instalou por alguns segundos após a ligação ser aceita, nenhum dos homens falava uma única palavra, apenas o som de suas respirações.

 "Jake?" — a voz de Tom se faz presente, fazendo o mencionado tremer e soluçar brevemente.

 — To-Tom… — sua voz estava tão pesada que impedi-la de sair quebrada era impossível.

 "Estou aqui, fale comigo Jake" — Tom não parecia muito melhor, o padeiro conseguiu sentir um leve tremor na voz do outro lado da linha.

 Lágrimas de alívio invadem os olhos do azulado, ele finalmente conseguiu uma resposta de Tom. Ter entrado em contato naquele momento poderia ser um erro em potencial, pois era evidente pelo ar tenso da conversa, que ambos os indivíduos não estavam em suas melhores condições, fragilizados demais para ocasião, mas eles precisavam disso.

  Eles estavam crescendo, mesmo em meio a dor individual de seus seres, aos seus medos e traumas. Mas aquele dia foi o ponto para que eles começassem a crescer juntos, mas dando o tempo que cada um precisava, tempo para crescer, tempo para se curarem .

   Desde que voltaram a ter contato, não existia uma troca de comunicação periódica, na realidade as respostas das mensagens e as ligações aconteciam de forma muito aleatória e muitas vezes tarde da noite. Sem forçar, sem esperar por uma resposta, apenas a noção que eles estavam ali, estavam bem, era o suficiente.

 Durante um ano e meio eles tiveram uma evolução significativa em seu relacionamento e como indivíduos. Suas conversas também foram se aprofundando aos poucos. No início parecia quase um tabu para Tom falar sobre sua vida pessoal, e Jake tinha certa dificuldade de expressar suas emoções após ter desabafado com o, agora, policial.

 

 Mais uma vez a dinâmica mudou após uma sequência de acontecimentos desastrosos.

 

 Foi um dia particularmente difícil para Tom em seu trabalho, presenciar a violência nas ruas sempre seria um gatilho para seus traumas mais profundos. Lúcia, sua chefe e melhor amiga, havia se voluntariado para ouvi-lo e ser seu ombro de apoio, mas o momento frágil foi abruptamente interrompido pela ligação de um certo homem. Jake estava em prantos do outro lado da ligação, a conversa via celular foi curta, com o homem de cabelos azuis apenas dizendo que teve outra discussão feia com seus pais, onde eles haviam saído de casa após gritar com ele. 

 Jake pediu a Tom que apenas o tirasse dali, e assim foi feito.

 Os dois homens ficaram um tempo abraçados na viatura na qual o policial estava em posse naquela noite, consolando Jake. Eles tiveram uma conversa muito profunda sobre seus problemas e muita coisa foi esclarecida, assuntos que nunca haviam sido abordados em suas pequenas trocas de mensagens, anseios, medos, traumas e conflitos. No final da noite, Tom levou o outro até a casa da pessoa que ambos mais confiavam, Miriam, a senhora e ganhadora da temporada deles, acolheu Jake de braços abertos, puxando o policial para um abraço apertado também, agradecendo por ter cuidado de seu neto, além de exigir que ele se retratasse a ela.

  Naquela noite, os laços foram reatados, as rachaduras foram coladas e pintadas em ouro .

 Era bonito ver o quão bem aqueles dois estavam se comportando — havia um bom trabalho pela frente ainda, mas era evidente a mudança e o amadurecimento que estavam tendo. Tanto que apesar de não falar muito sobre seus problemas mesmo após o ocorrido, Tom se deixou ficar mais vulnerável perto de Jake, tanto que em uma noite em que ambos estavam sofrendo com insônia, o oficial acabou se abrindo durante uma conversa fugaz:

 — Deus eu me sinto tão idiota com tanta coisa que eu já fiz — Jake ria sozinho após relatar alguns hábitos antigos — eu espero ter melhorado sobre isso

 — Você claramente mudou Jake — o padeiro volta seus olhos para a tela do celular, pronto para agradecer — eu que não mudei em nada…

 Tom solta um riso sem humor, escondendo a parte inferior do rosto, como se quisesse esconder novamente as belas cicatrizes que marcavam sua história e o quão forte ele era. Jake fez beiço ao perceber a ação do amigo, ele adorava o quão belo era Tom, odiando profundamente como ele não enxergava isso.

 — Fiquei quase um ano sem falar contigo por medo, egoísmo e frustração pessoal — a voz de Tom treme, dificultando ainda mais por estar abafada pelo travesseiro — sou um completo idiota

 — Tom não diga isso de si mesmo, oque te faz pensar isso? 

 — Oque te faz não pensar isso Jake? — o policial retruca, sua voz grave — Se Lucia não tivesse me incentivado a pelo menos ler suas mensagens, eu teria te deixado sofrer, você estava em sofrimento e eu teria te deixado sozinho. Se tivéssemos nós tombado em algum momento eu teria evitado você…provavelmente mentindo, porque meus medos sempre dão a melhor em cima de mim e me fazer sufocar em trabalho ao ponto de adoecer

 Tom não costuma chorar, era muito difícil atingir um ponto tão fundo que romperia lágrimas dos olhos azuis escuros, mas daquele momento era como se uma onda tivesse atingido Tom tão forte, que a barragem não suportou segurar os sentimentos que desciam em cascata por seu rosto.

 — Estava evitando todo mundo, não só você e Miriam…evitei Gabby, evitei até minha mãe, me afundando em culpa e arrependimento — ele estava soluçando enquanto admitia tudo — errei tantas vezes, que a ideia de fracassar novamente me corrói e me atormenta todas as noites…eu sou um fracasso completo, Jake

 Sua frase final não passou de um sussurro, se o padeiro não tivesse prestando atenção em cada sílaba que saía da boca do outro homem, ele não teria nem ao menos ouvido oque foi confessado.

 — Oh Tom… — Jake tinha sua voz suave, tão baixa que era como ser coberto por um cobertor fino e delicado — você não é um fracasso

 — Eu sempre fracassei…fracassei como espião, com minha missão, duas vezes, fracassei com você

 — Eu que fracassei com você também — Jake eleva a voz, se sentando em sua cama e ajeitando a postura para olhar mais seriamente para Tom — eu que acreditei em Ellie e não deixei você se explicar, cai no joguinho idiota deles, você tinha todo o direito de não querer olhar na minha cara

 Os dois homens ficam em silêncio, absorvendo toda a energia do ambiente, eles poderiam não estar na mesma sala, mas era como se estivessem, pois a tensão era palpável e parecia que suas respirações pesadas atingiam o rosto um do outro.

 — Nós dois erramos um com o outro Tom, mas você não fracassou, você ainda está aqui! Isso não conta como um acerto?

 — Você contaria como um acerto? — A voz naturalmente grossa e resiliente, havia se tornado minúscula e frágil. Isso partiu o coração de Jake, pois foi uma visão que nunca lhe ocorreu.

 Tom já se mostrou vulnerável há ele, quando ele contou sobre seu emprego, quando decidiu revelar seu rosto e passar por cima de um dos maiores eventos traumáticos de sua vida. Mas nunca daquele jeito, parecendo tão pequeno e desamparado, sem rumo e com medo de ser jogado para de baixo do ônibus novamente.

 Só os céus sabem o quanto Jake queria entrar na tela daquele celular, segurar tão forte o outro e garantir que nunca mais o soltaria. Mas como isso não era possível, ele faria assim como Tom fez consigo, estaria ali, ouviria tudo oque o outro tinha a dizer, falando as palavras chaves para que aos poucos pudesse acalmar o choro.

 — Você sempre foi um acerto Tom. Apenas esteve presente no momento errado, mas agora, é o momento perfeito — Jake sorri — estou aqui, fale comigo Tom 

 

  °

 

  Kristal havia convocado alguns participantes para fazerem parte da nova temporada do programa, o All Star, duas dessas pessoas convocadas foram Jake e Tom. Ambos conversaram no exato dia que receberam os e-mails da apresentadora junto há Miriam, que também havia sido convocada. Houve uma tensão remanescente no ar com a ideia de estarem nas telas novamente, de certo modo não sentindo-se prontos para enfrentar tudo mais uma vez.

 Jake se sentia ansioso, sabia o'que os espectadores pensavam dele na primeira temporada e tinha medo de não conseguir mostrar que mudou. Esse era seu principal objetivo, mas havia uma conquista segundaria que lhe deixava sem ar: Ver Tom pessoalmente.

 Tom estava nervoso, mal havia saído de uma situação complicada em seu trabalho e os medo de fracassar como na primeira temporada o consumiu novamente. Ele tinha várias recaídas como essa, e a ideia de ver Jake pessoalmente apenas o deixava ainda mais sem fôlego.

 O avião estava começando a encher com os participantes da nova temporada, com Tom sendo um dos últimos a chegar e adentrar o automóvel por ter se distraído.

 Assim que o policial adentra o avião, seus olhos instintivamente pousam nas duas pessoas mais queridas de sua vida naquele momento. Jake era o principal, tendo se levantando de seu assento assim que avistou Tom, seus olhos mostravam apreensão e uma mistura de sentimentos intensos perante o reencontro após dois anos.

 — Tom… — Jake consegue verbalizar, dando um único passo em direção ao policial.

 — Jake! — Tom exclama mais animado, alegria sendo a emoção que dominou seu cérebro, afundando aquela ansiedade no fundo de sua mente.

 Os passos do oficial era rápidos em direção aos dois amigo, não chegava a ser uma corrida, mas era mais rápido do que uma caminhada comum. Assim que Tom estava ao alcance de um braço, Jake não contém suas emoções e se joga contra o homem cicatrizado, envolvendo os braços em torno dos ombros largos. Em contrapartida, o policial foi pego de surpresa, precisando primeiro se esforçar em permanecer em pé pelo impacto do outro corpo. 

 Quando o choque inicial passou, Tom abraça com forço o homem em seus braços, praticamente o tirando o chão com a necessidade de matar a saudades. Jake não consegue evitar rir alto da atitude do outro, era bem diferente da última vez que se viram pessoalmente na primeira temporada, Tom pareceu muito mais propenso a contato físico, além de claramente estar mais aberto emocionalmente já que não havia mais necessidade de se manter estoico a todo momento.

 — Senti sua falta Tom — Jake diz, dando um último aperto no policial antes de o puxar para os assentos.

 Miriam havia se movido sorrateiramente para outra fileira, desta vez uma que ocupasse três espaços, então seu neto pode ver ela acenando para os dois fazendo Jake se mover em direção a ela.

 — Fizemos face-time por oito horas a apenas três dias atrás — Tom faz beicinho, realmente buscando explicar algo.

 — Ele quer dizer sobre te ver pessoalmente idiota — Miriam cruza os braços, zombando do policial, que rápidamente fica sem graça — tempo de qualidade com contato físico também é importante para um bom relacionamento amoroso

 Os dois homens haviam acabado de se acomodar em seus assentos — Jake no meio, Tom próximo ao corredor — quando foram atingidos pela fala da idosa. Eles se olham desesperados, rostos pintados de vermelhos e um pequeno sinal de medo que passou principalmente pelos olhos de Tom.

 Era evidente que começar um relacionamento agora mediante a uma competição não seria uma boa ideia, pelo menos não na percepção deles. Tom tinha medo que acontecesse como da primeira vez, apesar de confiar cem por cento em Jake para não acreditar mais em mentira esfarrapadas, mas ele não queria dar brecha para que a relação deles fosse prejudicada tão brutalmente de novo.

 — Você esperaria por mim? — Tom agarra a mão de Jake ao perguntar, deixando sua voz o mais baixa possível, tentando transmitir seu medo, em junção a sua esperança ao outro homem.

 — Te esperar? Eu estou te esperando a dois anos, mais algumas semanas não fará mal — Jake retribui o aperto.

 Ambos sorriem, alegres pela conclusão que chegaram, relaxando instintivamente e retornando ao padrão, cumprimentando e reconhecendo os próximos competidores que entraram no avião. Mas suas mãos não se soltaram.